Renato Moriconi: “Minha visão sobre ‘Bárbaro’ mudou depois que me tornei pai”

É impossível falar de livro infantil ilustrado, nos últimos anos, sem citar Bárbaro (2013), de Renato Moriconi. O autor e ilustrador, que nasceu em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo, lembra de quando comprou uma de suas primeiras obras da Companhia das Letrinhas, ainda como um leitor de 18 anos. Ele sonhava, um dia, em criar livros como O sapo que virou príncipe, de Jon Scieszka e Steve Johnson, que estava em suas mãos.   

“Minha visão sobre meu processo de criação e sobre meus próprios livros está sempre sujeita a mudanças”.
(Renato Moriconi)

Mal sabia ele que anos depois não apenas realizaria esse sonho, como seria um dos autores e ilustradores infantis mais elogiados pelo público e pela crítica. Já recebeu os prêmios FNLIJ 2011 e 2014 de Melhor Livro-Imagem e FNLIJ 2012 de Melhor Livro para Criança. Aqui, ele conta como todo esse processo aconteceu e qual foi a importância da Companhia das Letrinhas para ele, além de ressaltar que a visão sobre suas próprias obras muda com o passar do tempo e os acontecimentos da vida. Ele tem ainda no catálogo do Grupo Companhia os livros Uma planta muito faminta (2021), a trilogia em conjunto com Ilan Brenman Telefone sem fio (2010), Bocejo (2012) e Caras animalescas (2013), todos pela Letrinhas, e O dia da festa (2017), pela Pequena Zahar, além de ter ilustrado Virou Bicho! (2009) e A lobinha ruiva (2013). 

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*Para comemorar os 30 anos da Companhia das Letrinhas (em 2022) e o Mês das Crianças, durante outubro você confere uma série de entrevistas exclusivas com grandes autores e ilustradores brasileiros que fazem parte dessa história, sejam nossos primeiros parceiros, sejam aqueles que ganharam os maiores prêmios de literatura infantil. Acompanhe tudo no Blog da Letrinhas, no site criado especialmente para essa festa e nas nossas redes sociais. 

Como começou a sua relação com a Companhia das Letrinhas? Como foi fazer o primeiro livro para a editora e o que mais te marcou nesse processo?

Minha relação com a Letrinhas começou quando eu tinha uns 18 anos, um leitor cheio de desejo de um dia publicar livros na casa. Me lembro de uma das primeiras obras da Letrinhas que comprei, na livraria Brasiliense da Rua Barão de Itapetininga, região central da cidade de São Paulo, creio que em 1998: O sapo que virou príncipe, de Jon Scieszka e Steve Johnson. “Que vontade de fazer um trabalho como este”, eu pensava enquanto lia e via o livro. E acabei fazendo algo parecido - em termos de projeto gráfico, pelo menos - que foi meu primeiro livro publicado na editora: Virou bicho, com texto do Ernani Ssó. 

 

A Companhia das Letrinhas está completando 30 anos em 2022. Nessas três décadas, qual foi a transformação mais importante na literatura infantil, tanto em termos de texto como ilustração e produção gráfica, na sua avaliação, e por quê?

Creio que houve uma importante transformação na visão sobre o papel da imagem nos livros, tanto do lado de quem as cria, quanto dos editores e leitores. 

Poderia citar três livros infantis que foram mais importantes ou marcantes para você nesses últimos 30 anos? Dos publicados pela Letrinhas, qual você citaria?

- O cântico dos cânticos, de Angela-Lago

- Ismália, Odilon Moraes

- Leocádio, o leão que mandava bala, Shel Silverstein

Qual acontecimento relacionado ao processo de criação e produção dos livros ou ao feedback e interação com os leitores ficou na sua memória ao longo desse tempo? Poderia contar um pouco qual história mais te marcou?

Minha visão sobre meu processo de criação e sobre meus próprios livros está sempre sujeita a mudanças. O livro Bárbaro, por exemplo, foi criado bem antes de eu pensar em ter filhos. Minha visão sobre essa obra mudou depois de eu me tornar pai. Eu lia esse livro com olhos voltados para o transcendente. Hoje, o vejo como realidade fantástica do cotidiano paterno.  

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Como você vê/avalia a participação da Companhia das Letrinhas no mercado editorial e na própria história da produção literária para a criança? 

A Letrinhas tem papel fundamental na construção da identidade contemporânea da literatura infantil brasileira. Por meio dela, conheci Odilon Moraes, Roger Mello, Nelson Cruz, Marilda Castanha, Angela-Lago, Rui de Oliveira, Gonzalo Cárcamo, dentre outros artistas que ajudaram a desenhar a cara da nossa literatura infantil atual. 

 

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