Lollo e Blandina são como arroz e feijão

Dizem que o Lollo e a Blandina formam uma boa dupla. Dizem que é ela quem escreve. Dizem que é ele quem ilustra. Dizem que eles são bons em criar livros infantis. Dizem que esses dois se deram tão bem, mas tão bem que até se casaram. Dizem ainda que não tem muito tempo eles criaram um personagem, Ernesto, que está dando o que falar.

A parceria editorial entre a escritora Blandina Franco e o ilustrador José Carlos Lollo rendeu um casamento, um filho e 34 livros. Casados há nove anos, eles se conheceram por indicação da irmã de Blandina, que suspeitava que os dois se dariam bem inventando histórias. Acertou em cheio! Os dois dão mais certo do que arroz com feijão.

Entre as muitas criações de Blandina e Lollo está Ernesto, uma figura difícil de descrever. O próprio Lollo diz que ele é uma mancha meio indefinida, acinzentada, com nariz e olhos. Na história, o pessoal não gosta muito dele, dizem que não sabe bem como agradar os outros, que não entende direito as pessoas e que isso o leva a ser uma criatura solitária. O fato da aparência ser meio indefinida foi um jeito de os autores dizerem o que ele não é e, ao mesmo tempo, que ele pode ser qualquer um.

“O contraste com os outros personagens de cores básicas querendo ter forma geométrica é a única pista que indica que o Ernesto não é igual aos outros. Só o cachorro é cachorro mesmo, mas isso porque os cães não inventam quem eles são”, brinca o ilustrador.

Ser solitário porque é esquisito pode ser uma constatação equivocada. Tem gente que gosta de ficar só mesmo, mas esse não é o caso do Ernesto. O livro é uma cutucada para as pessoas se atentarem e começarem a aprender a lidar com as diferenças. “Todo mundo já foi um pouco como o Ernesto em algum momento da vida e, se for pensar bem, todo mundo conhece alguém como ele”, conta Blandina.

Para fazer histórias como a do Ernesto, o casal conta que se inspira em ideias do dia a dia – ou das noites – nas criações. Perguntar para esses dois o que vem primeiro, a palavra ou a imagem, é igual a perguntar sobre a história da origem do ovo e da galinha. “Não temos uma ordem certa. Algumas vezes, quando a ideia é do Lollo, ele me apresenta algo desenhado; outras vezes apenas falamos dela e depois trabalhamos. Eu sempre mando a ideia por escrito porque é como minha cabeça funciona”, descreve a autora.

A mágica desse processo de criação é que tudo é feito tão em parceria que, ao final, ninguém mais sabe quem inventou o quê. “Um palpita tanto no trabalho do outro que não dá mais pra dizer se o livro é meu ou dele. Todos são nossos”, afirma Blandina, que defende o humor como uma linguagem que fala diretamente à criança.

E para continuar no jogo do Ernesto, perguntamos à Blandina o que dizem do Lollo e ao Lollo o que dizem da Blandina:

“Dizem que a Blandina adora botões e miçangas. E que, quando entra numa loja de badulaques, pode ficar mais de uma hora procurando uma coisa que ela nem precisa muito”, disse o Lollo. “Dizem que o Lollo é colecionador de brinquedos e que, quando ele começa a brincar com o filho de Lego, o mundo pode acabar que ele não percebe”, disse a Blandina.

 

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